sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Compartimentos

Aprendi há certo tempo a compartimentalizar as histórias. Talvez até tenha começado por preguiça de contar tudo para todo mundo, repetir infinitamente os causos para todos que pedissem para ouvir ou ler o relato. Talvez tenha continuado por perceber que nem sempre é bom contar tudo para todo mundo. Preservação pessoal.


No fim, sei que encontrei conforto no fato de saber que nem todos sabem de tudo, então cada um sabe um pedaço apenas do todo que eu estou naquele momento. O todo que sou, quem me conhece, sabe bem como é... Mas ser é diferente de estar. E o meu estar agora é modulado.


Em cada módulo sei o que vou encontrar. O que posso esperar. E dependendo do meu estado de espírito, sei onde procurar o que estou precisando. Existem os módulos duros, que freqüento para ouvir a verdade que dói. Existem os módulos superficiais, que visito quando apenas quero desabafar de leve... Sem ouvir análises muito complexas sobre o que estou fazendo da minha vida, onde estou errando, o que deveria estar tentando buscar...


É uma farsa, na realidade. Mas funciona. Não conheço quem queira ser julgado o tempo inteiro... Também não conheço pessoa saudável que queira viver constantemente num mundo de fantasia, onde todas as coisas obviamente erradas, ou minimamente questionáveis que faz nunca resultam em um puxão de orelha... A vida não é cor de rosa, e as nuvens não são feitas de algodão doce...


Em meio a esse labirinto cheio de portinhas estratégicas, me peguei pensando sobre o sermos quem os outros vêem. Seríamos, então, quem fazemos os outros enxergar? Será que essa liberação seletiva de informação faz diferença na percepção que os outros têm de você? Será que o estar é mais forte que o ser? Ou será que não faz diferença, já que o observador sempre imprime toques pessoais sobre a sua observação?


Às vezes me vejo confusa diante do que eu vejo nos olhos dos outros... Como um filme. Versões de mim mesma. Interpretações. Para uns, sou um drama. Para outros, uma comédia. Romance. Filme cabeça. Documentário. Descrita como assustadora, bagunceira e espaçosa. Recentemente convencida de que parte de mim ainda estrela um desenho infantil.


Sento e me assisto...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Caldeirão

O novo cd do Maroon 5 tocando no computador, e eu olhando fixamente para as imagens caleidoscópicas do Media Player, esperando sinceramente que me hipnotizassem a ponto de organizar meus pensamentos. A ponto de me permitir gerar um texto bom. Ou no mínimo razoável.

Tantas idéias. Tantas coisas passando pela minha cabeça. Mas não adianta. E as letras só pioram minha confusão. Muita coisa que eu queria ter dito... Muita coisa que eu queria ter ouvido ser dita pra mim. Minha mente fervilha, borbulha e bagunça ainda mais o que eu achava que poderia ser inspiração.

Observo os nomes no MSN. Tantos com quem queria falar apagados. Mas aquilo não é hora de estar online, convenhamos. Tantos ausentes da minha lista. Queria que estivessem ali.

Fico lendo sobre amor. Sobre saudade. Vejo algumas fotos e o coração fica pequeno.

Renata está atrasadíssima para ir dormir. Danilo informa mais do que em cima da hora que está partindo para ficar um mês fora. Pedro pergunta o que ainda faço acordada...

Realmente. Muita coisa para dizer. Para cada um. Não para qualquer um...